Secção Escrita
Penso que o nome seja suficientemente elucidativo... Ou não.
Aqui irão constar não apenas todas os meus devaneios líricos e a minha progressão escrita como obras de vários "inspirados" que dominam a arte aqui representada. Quero deixar patente neste campo do Site que existem grandes trabalhos (e não só em no idioma de Camões) que merecem toda a nossa contemplação e respeito. Um espaço erudito para quem tiver paciência e não se importar de "queimar as pestanas" durante uns breves minutos.
Escrita
Vergílio Ferreira - Excerto de Conta Corrente
26-06-2012 04:23
Joga todo o teu ser na breve ideia
que incerta entre o corrente te procura
pra lá do que banal te prende e enleia
e pelo destacá-la emerge pura.
Fazê-lo é dar-lhe já o que perdura.
Porque a banalidade que a medeia
como à pedra vulgar por entre a areia
esquece o que em tomá-la a rareia.
Ser homem é escolher o que o oriente
e ser-lhe o mais a margem que lhe mente.
Oscar Wilde - Canção do Dia de Sempre
26-06-2012 04:17
Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...
Em Ela Ele reside
24-06-2012 19:10
Naquela vida de sonho, que alguem um dia edificou ele nela residia.
Ele encantado por ela estava, nela ele se encontrava... E por todos os seus encantos ele se perdia.
Ele era o miseravel espelho de felicidade que todos pensamos em realidade não existir, pois a ela bastava um esbracejar para ele por amor sorrir.
Naquele traje preto, naquele solene momento. Ele por ela aguardava, pois por ama-la ele nem sequer na hipotese de hesitar pensava....
Sê
19-06-2012 03:21
Sente o toque de quem amas,
a inocência de quem tramas.
Sente o sorriso que esboças
e o grito que sufocas.
Sente a brisa do vento
e a magia que te trás alento.
Sente a alegria que desejas
por muito fraco que estejas.
Sente o poder da voz que não te deixa desfalecer,
a companhia de quem por ti se quer perder.
Sente a presença da gente.
Liberta-te e segue em frente.
Sente o cheiro da felicidade
e o cheiro da verdade.
Sente a...
Por Ti
19-06-2012 01:17
O meu vício por ti é tal:
Que um mero olhar me fazia sorrir
Que cada segundo sem ti me esmagou o coração.
Que contei os teus passos ao partir
Que o teu toque me fez despertar
Que tornou a minha vida em arte
Que a tua voz me fez tudo superar
Que me fez saber amar amar-te
Que me cegou a vista de livre vontade
Que chamei o teu nome a todo o momento
Que ao ver a lua desejei a nossa eternidade
Que disfarcei as lágrimas na hora do...
Compilação Leis de Murphy
18-06-2012 08:22
001
A tendência da fumaça de um cigarro soprar na cara de uma pessoa que não fuma varia na razão direta da aversão dessa pessoa ao tabagismo.
002
De onde nunca se espera que saia alguma coisa, mesmo com inusitada insistência, inumeráveis preces e apaixonados apelos, não se deve ficar iludido: dali não sai nada, mesmo!
Leis de Murphy aplicadas à engenharia
003
O cumprimento dos prazos de execução é inversamente proporcional à...
Extracto de Dominó - Álvaro de Campos
18-06-2012 01:23
Poucos têm a capacidade de conseguir fazer um poema dentro de outro. Fernando Pessoa era um desses poucos.
"Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não...
Ela
17-06-2012 15:32
Era tarde, bem tarde.
Lembro-me de que tinha compromissos já marcados, uma ida ao café com amigos para o habitual convivio em que risos e histórias recentes são trocados num clima de lembrança e união. Mas inesperadamente faltei.
Fui ter com Ela. Estava cegamente obstinado em confessar-lhe finalmente o que me consumia o coração. Simplesmente já me tinha tornado incapaz de suster o sentimento que permanecia num secretismo de silêncio...
Identidade - Mia Couto
17-06-2012 03:16
Um grande poeta, infinitos níveis acima dos meus simples versos soltos... Mia Couto
Preciso ser um outro
para ser eu mesmo
Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta
Sou pólen sem insecto
Sou areia sustentando
o sexo das árvores
Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro
No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço
A marca
16-06-2012 19:19
Trabalho, pintado a tons de cinzento... Cada nuvem do outro lado da janela, pedaço do cubículo em que me instalo, o meu próprio pólo tem essa apagada tonalidade e a minha função tende a deixa-la vincada nos traços pessoais de quem a exerce. Mas nunca encontraram ninguém tão vermelho antes.
Nos tempos quentes em que o ar secava a boca, o refresco que ingeria era a mesma sede com que estávamos. Um exército vermelho com sede. Sede de mais, até...