O sufoco
29-06-2012 00:00
Sem ti hoje. Mais um dia entre tantos iguais. Outro semelhante que servirá para juntar à já vasta lista de dias corridos em loucura desde a tua partida.
Como me sinto? Eis uma questão que sinceramente gostaria de saber responder a mim próprio. O amor que ainda me resta por ti, em toda a sua imensidão, destrói a pouco e pouco a minha já muito reduzida sanidade mental. Não consigo fugir à tua memória e a todas as lembranças tuas que encontro pelos sentidos. O cheiro, visão, o tacto... Embora não consiga sequer dormir pois sei que serás o motivo dos meus pesadelos, tal como és a infeliz constante do meu pensamento.
Foste-te, nada sei actualmente sobre ti. Será que, por ventura, te lembras minimamente de mim e dos momentos por ambos passados? Arrisco-me por vezes a tentar romper o silêncio que nos impuseste e humilhar-me por uma oportunidade, embora saiba que tive tanta ou tão pouca culpa quanto tu em toda esta história. Mas tremo que nem varas verdes só de ponderar a possibilidade de menosprezares a minha trémula e frágil tentativa de dar um novo alento ao nosso cupido.
Só agora me apercebo de que, como em tão pouco tempo, o Tudo que foi edificado e conquistado a ferro e fogo por ambos se desfez num completo nada como se se tratasse de um castelo de areia. Como fui cego ao ponto de conseguir abstrair-me tanto de mim mesmo até, inclusivamente, substituir a minha vontade pelo teu desejo. Como será então possível que apenas a tua presença me tenha conseguido preencher e, agora que me faltas, noto que me tornei num vazio tão grandioso quanto o apego que ganhei à tua pessoa.
A minha segurançã interior é notória até mesmo aos olhos de um morto. Será que ainda me amas da mesma forma que amavas antes? Como eu te amo! Mas, se me amasses...
Agora que penso nisso, será que algum dia me chegaste a amar de verdade? Ou foram falsas as palavras que me declaraste e apenas consentiste a minha queda na fantasia de um amor que, em verdade, nunca existiu? Não quero acreditar em tal coisa. Seria a maior desilusão que me poderias dar pois, sei que apesar de te descobrir traços divinos, terias descido ao nível de uma reles mentira.
Ao menos quebra o silêncio. Dá-me um motivo para encerrar esta reticência, romper o impasse me prende a ti e me basear numa certeza de uma vez por todas. Mas diz-me o que quer que seja nem que me trates mal! Pode ser que ao revoltar-me com a injustiça das tuas palavras, te ganhe raiva e a aproveite para seguir em frente sozinho. Mostra-me que nunca valeu a pena entregar-me a ti como o fiz, que toda a cumplicidade existente foi unilateral e todo o tempo contigo foi mal gasto... Ou diz que me amas.
Isso! Confessa o teu desejo de inverter esta tortuosa e constangedora situação, confessa-te arrependida de todo este escusado afastamento. Dá-te e dá-nos uma segunda chance. Vem, juro perdoar e esquecer o que tenho sofrido por ti nestes últimos tempos para que, juntos, possamos recriar o nosso mundo de eterno amor e felicidade.
Será que não sou suficientemente válido para ti? Se apontares as minhas falhas poderei melhorar e corrigi-las. reconheço plenamente toda a minha imperfeição e que, por vezes, te possa ter desiludido... Mas já não aguento mais este sufoco.