O Que Me Restou De Ti
Onde estavas tu
Quando eu tresmalhava em vão
Procurando-te
Quando no vazio do ar
Ecoava o meu choro,
Minha angustia e desconsolo
Quando fechava os olhos
E tentava criar um espaço
Na esperança de os abrir e te ver chegar.
Quando no fim de tudo
Nunca te cheguei a encontrar!
Vi o teu vulto em tantas mil,
Mas era apenas a sombra
Do que o meu desejo reflectia…
Rasguei sonhos, quebrei esperanças
Para vingar a minha alma fria
Mas apesar de tudo,
Ela manteve-se vazia
Matei-a,
Já não sofro
Cortei este meu apêndice cancerígeno
Não sei mais o que é amor
Mas nunca mais sentirei dor
Espero apenas…
Que não cresça em mim uma hera chamada paixão
Que me tire do aconchego
Da minha solidão
Pois não te quero reviver!
Revoltar-me-ei!
Irão sofrer mil vezes mais o que eu passei!
Por terem caído ma mesma cegueira
Que eu caí!
Por não encontrarem em mim
Aquilo que não encontrei em ti…
Por não te ter encontrado a ti!
Sim,
Tu que nos meus paranóicos delírios existias
Não propriamente tu,
Mas o tu que eu amara em ti e que,
Só depois de morto vi que não havia
Se hoje alguém procurar por mim,
O que irão encontrar no meio dos meus escombros
É a marca
E o negro
Da minha perdição
Porque agora sou um corpo
Que se tornou num porco
Que renega o coração!